Série Cidades Inteligentes #1: Câmeras inteligentes e reconhecimento facial: Benefícios e Desafios para a Segurança Pública

Uma administração pública eficaz impacta positivamente na vida dos cidadãos. Por essa razão, gestores públicos, conscientes dessa responsabilidade, estão constantemente em busca de novas ferramentas e tecnologias que possam oferecer serviços mais rápidos e de maior qualidade à população. Além disso, dentro deste esforço contínuo de modernização, a integração de tecnologias avançadas como câmeras inteligentes e sistemas de reconhecimento facial tem significativamente transformado o panorama da segurança pública e privada em todo o mundo.

Essas tecnologias não são apenas ferramentas de vigilância; elas representam um salto qualitativo em como monitoramos, analisamos e respondemos a ameaças à segurança. No entanto, enquanto os benefícios são significativos, os desafios éticos e práticos também são consideráveis.

Este post explora a fundo essas tecnologias, discutindo seus benefícios e os desafios éticos e práticos que acompanham sua implementação. Mas antes de tudo, o que são câmeras inteligentes?

Definição de Câmeras Inteligentes:

Câmeras Inteligentes, ao contrário das câmeras tradicionais, são dispositivos avançados de vigilância equipados com software de análise de vídeo e capacidade de processamento integrado. Além disso, elas são capazes de realizar reconhecimento de padrões e comportamentos em tempo real, o que inclui identificar números de placas de veículos, detectar atividades suspeitas e executar análises complexas de fluxo de pessoas e tráfego.

Basicamente, as câmeras inteligentes são chamadas assim por possuírem recursos online, ou seja, que as mantêm conectadas à internet, o que permite o monitoramento de ambientes à distância e em tempo real. Nesse sentido, elas podem apresentar funcionalidades extras, como permitir a comunicação com o ambiente monitorado. Além disso, alguns modelos são equipados com chips poderosos que adicionam inteligência artificial. Por isso, elas podem emitir alertas com base no reconhecimento de pessoas ou sons.

Outros recursos que justificam o termo “inteligente” para esses equipamentos ainda incluem a capacidade de cobrir áreas maiores (alguns modelos captam em todas as direções), a possibilidade de rastrear objetos e também de emitir alarmes sonoros e/ou luminosos em casos específicos.

Tec Mundo, 2021.

Na segurança pública, câmeras inteligentes são utilizadas para aumentar a eficácia das operações de monitoramento urbano, melhorando a capacidade das autoridades de responder a incidentes rapidamente. Simultaneamente, na esfera privada, ajudam empresas a monitorar eficientemente suas propriedades, otimizando tanto a segurança quanto a operação diária.

O Avanço das Câmeras Inteligentes

Câmeras inteligentes, equipadas com IA, vão além das capacidades tradicionais de gravação; elas podem identificar comportamentos suspeitos, reconhecer rostos e até mesmo monitorar fluxos de tráfego com eficiência superior. Principalmente em cidades inteligentes, essas câmeras facilitam a gestão de grandes volumes de pessoas e veículos, garantindo um controle mais efetivo sobre a segurança urbana.

No contexto urbano, câmeras inteligentes são utilizadas para regular o tráfego, otimizar o transporte público e garantir a segurança em locais públicos. Essa tecnologia permite uma resposta rápida das autoridades em situações de emergência, contribuindo de forma efetiva para a redução de crimes e demais desastres.

Reconhecimento Facial: Uma faca de dois gumes

O reconhecimento facial, uma tecnologia que identifica ou verifica a identidade de uma pessoa usando características físicas do rosto, quando integrado com câmeras inteligentes, amplia enormemente as capacidades de vigilância. Este avanço permite uma identificação rápida e precisa de indivíduos em uma multidão, reforçando assim a segurança pública

Esta tecnologia, portanto, é extremamente útil em locais de alta segurança, aeroportos, centros comerciais e em grandes eventos. Pode ajudar na localização de pessoas desaparecidas, na detecção de suspeitos de crimes e na prevenção de atividades fraudulentas, reforçando a segurança pública local.

No entanto, o uso de câmeras inteligentes e reconhecimento facial levanta algumas preocupações sobre privacidade e vigilância. A capacidade de monitorar e registrar indivíduos sem o seu consentimento explícito pode ser considerada uma intrusão, levando a debates sobre o equilíbrio entre segurança e privacidade pessoal.

Além das preocupações com a privacidade, existem também importantes questões éticas relacionadas ao uso indevido potencial dessas tecnologias, por exemplo, problemas como discriminação, vigilância excessiva e o uso de dados coletados de maneira não ética são desafios significativos que exigem a implementação de regulamentações claras e rigorosas. À medida que câmeras inteligentes e reconhecimento facial se tornam mais prevalentes em cidades ao redor do mundo, é fundamental explorar e entender os desafios éticos e práticos que essas tecnologias apresentam. Esta discussão não apenas ilumina as implicações técnicas e legais, mas também as reações sociais e as inovações em andamento que visam mitigar preocupações e melhorar a eficácia destas ferramentas.

Entretanto, há de se ponderar aqui a situação concreta: O que vale mais? O bem-estar coletivo ou a individualidade? Acredito que todos pensamos da mesma forma ao escolher o bem-estar coletivo como resposta. É nesse sentido que levantamos a questão das inovações tecnológica, para a melhor atuação da Administração Pública em seus serviços.

Inovações Tecnológicas em andamento

À medida que a tecnologia avança, também evoluem as capacidades das câmeras inteligentes e sistemas de reconhecimento facial. Inovações futuras prometem ainda mais precisão e eficácia, abrindo novos caminhos para a segurança e gestão inteligente das cidades.

Por outro lado, o futuro dessas tecnologias dependerá de alcançarmos um equilíbrio justo entre seus indiscutíveis benefícios para a segurança e os riscos potenciais para a privacidade e as liberdades civis. Portanto, será essencial desenvolver políticas que regulem seu uso de forma justa e ética.”

O Futuro da Vigilância Tecnológica

O potencial das tecnologias de vigilância pública está se tornando cada vez mais reconhecido globalmente. Essas tecnologias não só melhoram a segurança nas ruas através do monitoramento eficiente, mas também são fundamentais nas investigações de eventos criminosos.

Só para exemplificar, um caso notável ocorreu em 2013, nos Estados Unidos, durante o ataque à Maratona de Boston. Investigadores conseguiram identificar os responsáveis pelo atentado ao analisar as gravações das câmeras de vigilância instaladas pela cidade (DGT, 2021).

Essa aplicação eficaz do videomonitoramento tem encorajado mais e mais cidades a alocarem recursos para expandir suas infraestruturas de vigilância tecnológica. Ou seja, o investimento contínuo sinaliza um futuro onde a vigilância tecnológica desempenhará um papel ainda mais crítico na manutenção da ordem pública e na proteção dos cidadãos.

Exemplos de Implementação e Gestão de Vigilância

Uma pesquisa realizada pela Comparitech, mostrou que as cidades que mais investem em videomonitoramento são:

  • Taiyuan, China – 465.255 câmeras
  • Wuxi, China – 300.000 câmeras
  • Londres, Inglaterra (Reino Unido) – 691.000 câmeras
  • Indore, Índia – 200.600 câmeras
  • Changsha, China – 262.000 câmeras
  • Pequim, China – 1.150.000 câmeras

Basta observarmos esses dados para percebermos que as cidades brasileiras estão longe de fazerem parte do ranking mundial de cidades inteligentes que investem em videomonitoramento, e, portanto, compete a nós investirmos em tecnologia suficiente para tornar nossas cidades cada vez mais inteligentes pelo bem da própria população.

Entretanto, no Brasil, há extenso uso de reconhecimento facial em segurança pública, com 195 projetos documentados em todos os estados, segundo o CESeC.

Entre 2019 e 2022, uma pesquisa revelou que 509 pessoas foram detidas graças à utilização desta tecnologia de videomonitoramento. Além disso, esse dado destaca a crescente dependência e eficiência do videomonitoramento nas cidades brasileiras, evidenciando como essas ferramentas se tornaram componentes essenciais das estratégias de segurança urbana no país (Agência Brasil, 2023).

Na capital paulista, foi assinado em agosto o contrato do Smart Sampa, projeto que prevê a instalação de 20 mil câmeras de segurança programadas para fazer reconhecimento facial até o final de 2024. O sistema custará R$ 9,8 milhões por mês aos cofres públicos.

Agência Brasil, 2023

Ante o exposto, é consenso que os gestores públicos já estão cientes dos avanços tecnológicos e estão investindo cada vez mais nesse setor.

Conclusão

As câmeras inteligentes e os sistemas de reconhecimento facial representam uma revolução na forma como as cidades gerenciam tanto a segurança pública quanto a privada. Outrossim, essas tecnologias, oferecem ferramentas poderosas que permitem uma resposta rápida e eficiente a incidentes, melhorando substancialmente a vigilância e a segurança em uma variedade de ambientes urbanos. Ademais, os exemplos de sucesso na identificação de criminosos e na prevenção de crimes ilustram claramente o potencial dessas tecnologias para fortalecer as capacidades de segurança das cidades ao redor do mundo.

No entanto, é fundamental abordar as questões éticas e de privacidade que surgem com o uso dessas tecnologias avançadas. O equilíbrio entre melhorar a segurança e proteger os direitos individuais dos cidadãos é delicado e requer uma regulamentação cuidadosa e consideração ética. Políticas públicas devem assegurar que o uso de câmeras inteligentes e reconhecimento facial seja responsável e transparente, protegendo a privacidade individual.

À medida que avançamos, é indispensável manter um diálogo aberto e construtivo entre tecnólogos, legisladores, gestores públicos e a comunidade, pois este diálogo é fundamental para moldar um futuro no qual a tecnologia de vigilância seja utilizada de maneira ética e eficiente. Além disso, é necessário que haja investimentos contínuos em tecnologia, sendo importante desenvolver normas claras e justas que regulamentem sua aplicação. Neste contexto, a ToGov surge como uma parceira estratégica para a administração pública. A empresa oferece soluções que podem simplificar procedimentos burocráticos e apoiar a criação de políticas públicas mais eficazes, garantindo uma gestão mais transparente e responsável.

As câmeras inteligentes e o reconhecimento facial são apenas o começo de uma era de inovações tecnológicas que transformarão a infraestrutura das cidades e a maneira como vivemos e interagimos em nossos espaços comuns.

Sobre a Série Cidades Inteligentes

Referências:

TEC MUNDO. Câmeras inteligentes: como funcionam e quais comprar? – Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/produto/225041-cameras-inteligentes-funcionam-comprar.htm

AGÊNCIA BRASIL. Reconhecimento facial está presente em todos os estados do Brasil – Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-08/reconhecimento-facial-esta-presente-em-todos-os-estados-do-brasil

DGT. Conheça as cidades que mais investem em videomonitoramento no mundo – Disponível em: https://dgt.com.br/conheca-as-cidades-que-mais-investem-em-videomonitoramento-no-mundo/

Audio gerado pela Inteligência Artificial do site FreeTTS, e editado pelo site AudioJoiner.

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